Segundo a Stanford Graduate School of Business, a inovação
social é “uma solução nova para um problema social, que seja mais eficaz,
eficiente, sustentável, ou apenas que seja melhor do que as soluções existentes
e para as quais o valor criado reverte primeiramente para a sociedade como um
todo, e não apenas para indivíduos particulares[1]” (Phills, Deiglmeier, & Miller, 2008) . Assim, a inovação
trata do processo, e não apenas do produto final. Por um lado, os processos
organizacionais e sociais produzem inovação, através da criatividade
individual, da estrutura organizacional, do contexto ambiental, e dos factores
económicos e sociais. Por outro, a inovação manifesta-se em novos produtos e
métodos de produção. É possível, assim, entender que o processo de inovar
envolve: factores técnicos, sociais e económicos; o produto ou a invenção em si; a divulgação e
expansão; e o valor social criado pela inovação (idem).
Para o Instituto de Empreendedorismo Social (IES), que é uma
associação portuguesa sem fins lucrativos direccionada para este tema, perante
a falta de consenso acerca do conceito de empreendedorismo social, é preciso
adoptar como unidade de análise primordial o empreendedor social e as suas
iniciativas. Assim, define o empreendedor social como um catalisador de mudança
que resolve eficazmente problemas sociais. Acrescenta ainda que uma iniciativa
de empreendedorismo social deve demonstrar quatro critérios base: missão social
ou ambiental (resolver problemas sociais/ambientais negligenciados); impacto
social ou ambiental (transformar positivamente a sociedade a nível
social/ambiental); inovação (desafiar a visão tradicional e utilizar modelos de
negócio inovadores); escalabilidade ou replicabilidade (crescer e/ou
replicar-se noutro local geográfico) (IES) .
A maioria das empresas sociais centram-se em actividades
comerciais, rendimentos e empreendimentos lucrativos que dão apoio financeiro e
operacional aos tradicionais projectos sociais. Também têm suas raízes no
sector não lucrativo e tendem a limitar a sua influência nas entidades sem fins
lucrativo, excluindo implícita e explicitamente o sector público e organizações
com fins lucrativos (Phills, Deiglmeier,
& Miller, 2008) .
Existe um número crescente de iniciativas, a nível mundial, que desafiam os
obstáculos que aparentemente têm impedido as empresas e os negócios de oferecer
serviços ás populações mais empobrecidas. Estas iniciativas representam o
recente fenómeno no mundo dos negócios, que é o empreendedorismo social - social
entrepreneurship. Utilizando novos tipos de recursos e combinando-os de formas
inovadoras, as empresas sociais representam um vasto campo de descoberta de
novos modelos de propostas de valor (Seelos & Mair,
2005) .
Temos como exemplo o Instituto for One World Health nos
Estados Unidos da América, que surgiu como a primeira farmacêutica sem fins
lucrativos; o Sekem no Egito, uma organização que promove o desenvolvimento económico,
social, e cultural através do investimento dos lucros de diversas empresas; e o
Grameen Bank no Bangladesh, um banco fundado por Muhammad Yunus com o objectivo
de permitir o acesso ao crédito àqueles que de outra forma não teriam essa
possibilidade.
Estes
exemplos têm em comum o facto de desafiarem o status quo e a forma convencional
de se pensar sobre o que é viável. O empreendedorismo social tem revelado novos
caminhos e novas soluções, baseadas em necessidades locais e não nas premissas
centralizadas das grandes instituições sobre o que é preciso ser feito. O
empreendedorismo social também tem chamado a atenção da comunidade cientifica,
organizações internacionais, charities e empresas no que se refere aos esforços
para melhor compreender o fenómeno e
para reproduzir alguns dos modelos e processos de criação de valor
social. No entanto, a falta de teoria sobre empreendedorismo social pode ser um
impedimento para o reconhecimento necessário para que estas iniciativas cresçam
em escala e consigam fazer contribuições substanciais para erradicar a pobreza
nas suas diversas formas (idem)
O empreendedorismo social, como campo de inovação social,
tem o potencial de contribuir com novos conhecimentos para a área do
empreendedorismo, e também para o sector social mais abrangente. O
relacionamento entre o empreendedorismo social, a responsabilidade social das empresas e as
instituições públicas apresenta um grande potencial na descoberta de novas
formas de criação conjunta de valor, no apoio ao desenvolvimento sustentável. Cada
vez mais existem exemplos da colaboração entre empreendedorismo social e
organizações internacionais, ONG’s e organizações para o desenvolvimento. O
empreendedorismo social abre caminho para um futuro em que os gerentes das
grandes empresas encontram oportunidades de aprender e criar novos esforços
conjuntos segundo os seus interesses económicos, ao mesmo tempo que criam valor
social para aqueles que mais necessitam (Seelos & Mair, 2005) .
[1] Tradução livre do original
Referências:
Phills, J., Deiglmeier, K., & Miller, D. (Outono de
2008). Rediscovering Social Innovation. Stanford Social Innovation Review , pp.
34-43.
IES, I. d. (s.d.). IES. Obtido em Outubro de 2011, de
http://www.ies.org.pt
Seelos, C., & Mair, J. (48 de 2005). Social
entrepreneurship: creating new business models to serve the poor. Business
Horizons , pp. 241-246.
Artigo escrito por Rita Adónis
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