A missão do Espaço Nova Vida é contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas em situação ou em risco de solidão e isolamento social, no Bairro do Girassol e Ponte da Bica, na Ramada.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

A Inovação e o Empreendedorismo Social

Segundo a Stanford Graduate School of Business, a inovação social é “uma solução nova para um problema social, que seja mais eficaz, eficiente, sustentável, ou apenas que seja melhor do que as soluções existentes e para as quais o valor criado reverte primeiramente para a sociedade como um todo, e não apenas para indivíduos particulares[1] (Phills, Deiglmeier, & Miller, 2008). Assim, a inovação trata do processo, e não apenas do produto final. Por um lado, os processos organizacionais e sociais produzem inovação, através da criatividade individual, da estrutura organizacional, do contexto ambiental, e dos factores económicos e sociais. Por outro, a inovação manifesta-se em novos produtos e métodos de produção. É possível, assim, entender que o processo de inovar envolve: factores técnicos, sociais e económicos;  o produto ou a invenção em si; a divulgação e expansão; e o valor social criado pela inovação (idem).

Para o Instituto de Empreendedorismo Social (IES), que é uma associação portuguesa sem fins lucrativos direccionada para este tema, perante a falta de consenso acerca do conceito de empreendedorismo social, é preciso adoptar como unidade de análise primordial o empreendedor social e as suas iniciativas. Assim, define o empreendedor social como um catalisador de mudança que resolve eficazmente problemas sociais. Acrescenta ainda que uma iniciativa de empreendedorismo social deve demonstrar quatro critérios base: missão social ou ambiental (resolver problemas sociais/ambientais negligenciados); impacto social ou ambiental (transformar positivamente a sociedade a nível social/ambiental); inovação (desafiar a visão tradicional e utilizar modelos de negócio inovadores); escalabilidade ou replicabilidade (crescer e/ou replicar-se noutro local geográfico) (IES).
A maioria das empresas sociais centram-se em actividades comerciais, rendimentos e empreendimentos lucrativos que dão apoio financeiro e operacional aos tradicionais projectos sociais. Também têm suas raízes no sector não lucrativo e tendem a limitar a sua influência nas entidades sem fins lucrativo, excluindo implícita e explicitamente o sector público e organizações com fins lucrativos (Phills, Deiglmeier, & Miller, 2008). Existe um número crescente de iniciativas, a nível mundial, que desafiam os obstáculos que aparentemente têm impedido as empresas e os negócios de oferecer serviços ás populações mais empobrecidas. Estas iniciativas representam o recente fenómeno no mundo dos negócios, que é o empreendedorismo social - social entrepreneurship. Utilizando novos tipos de recursos e combinando-os de formas inovadoras, as empresas sociais representam um vasto campo de descoberta de novos modelos de propostas de valor (Seelos & Mair, 2005).
Temos como exemplo o Instituto for One World Health nos Estados Unidos da América, que surgiu como a primeira farmacêutica sem fins lucrativos; o Sekem no Egito, uma organização que promove o desenvolvimento económico, social, e cultural através do investimento dos lucros de diversas empresas; e o Grameen Bank no Bangladesh, um banco fundado por Muhammad Yunus com o objectivo de permitir o acesso ao crédito àqueles que de outra forma não teriam essa possibilidade.
Estes exemplos têm em comum o facto de desafiarem o status quo e a forma convencional de se pensar sobre o que é viável. O empreendedorismo social tem revelado novos caminhos e novas soluções, baseadas em necessidades locais e não nas premissas centralizadas das grandes instituições sobre o que é preciso ser feito. O empreendedorismo social também tem chamado a atenção da comunidade cientifica, organizações internacionais, charities e empresas no que se refere aos esforços para melhor compreender o fenómeno e  para reproduzir alguns dos modelos e processos de criação de valor social. No entanto, a falta de teoria sobre empreendedorismo social pode ser um impedimento para o reconhecimento necessário para que estas iniciativas cresçam em escala e consigam fazer contribuições substanciais para erradicar a pobreza nas suas diversas formas (idem)
O empreendedorismo social, como campo de inovação social, tem o potencial de contribuir com novos conhecimentos para a área do empreendedorismo, e também para o sector social mais abrangente. O relacionamento entre o empreendedorismo social, a  responsabilidade social das empresas e as instituições públicas apresenta um grande potencial na descoberta de novas formas de criação conjunta de valor, no apoio ao desenvolvimento sustentável. Cada vez mais existem exemplos da colaboração entre empreendedorismo social e organizações internacionais, ONG’s e organizações para o desenvolvimento. O empreendedorismo social abre caminho para um futuro em que os gerentes das grandes empresas encontram oportunidades de aprender e criar novos esforços conjuntos segundo os seus interesses económicos, ao mesmo tempo que criam valor social para aqueles que mais necessitam (Seelos & Mair, 2005).




[1] Tradução livre do original

Referências:
Phills, J., Deiglmeier, K., & Miller, D. (Outono de 2008). Rediscovering Social Innovation. Stanford Social Innovation Review , pp. 34-43.
IES, I. d. (s.d.). IES. Obtido em Outubro de 2011, de http://www.ies.org.pt

Seelos, C., & Mair, J. (48 de 2005). Social entrepreneurship: creating new business models to serve the poor. Business Horizons , pp. 241-246.

Artigo escrito por Rita Adónis



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